terça-feira, 17 de agosto de 2010

Cárcere das Almas


Ah! Toda a alma num cárcere anda presa
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga o étero Espaço da Pureza.

Ó Almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
Para abrir-vos as portas do Mistério?!

(SOUSA, Cruz e. In: Cruz e Sousa - Poesia. 2. ed. Rio de Janeiro, AGIR, 1960.p.73)

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