domingo, 26 de outubro de 2008

Poema profano- És meu dono!

Minha amiga Silvia enviou-me estas encantadoras linhas justamente em um dia que gostaria de tudo isso poder dizer.

by Silvia Mendonça
Por que te agitas em
desesperados questionamentos?
Não sou sonho, mas criação tua.
Foste tu que ergueste o pedestal
em que me encontro,monumento exposto.
*
Foram teus poemas que vestiram
meu corpo de pérolas;
deram-me alma de amante,
aura de mistério, destino de mulher...
boca rubra, coração apaixonado.
*
Não há outro a quem dedico amor
nem com quem me deito
em noites de lua ou bruma.
Não há outro!
*
Se assim é,
não sou mais de mim,
mas de ti.
Não te cales, pois,
nem abdiques de reivindicar
teus direitos sobre a obra que criastes.
*
Esqueça as proibições,
as inexistentes perdas:
almeje o que de imenso há em mim,
pois é teu.
*
Espante das tuas noites o tédio patético,
deixe que o desejo crie asas em minha direção,
pois, assim como tu, reviro-me na cama vazia,
apertando contra os lençóis as pernas,
em múltiplos orgasmos solitários.
*
Tolo! Não percebes que,
por detrás das cortinas esvoaçantes dos sonhos,
da tua ereção ajeitada em insones gestos,
sou a tal presença que procuras?
*
Venha, tome posse do que és dono por direito.
Espero-te com a água do banho tépida,
velas a iluminar o quarto,
aromas de rosas vermelhas,
que cederam as pétalas para enfeitar o leito.
*
Dispa os andrajos de mendigo:
tu és príncipe,deus, Hércules marmóreo,
que deita sobre mim a lascívia
imprópria a outros olhos
– não aos meus
*
Vem, meu real proprietário,
com ou sem ciúmes,
desastres ou impropérios.
*
No momento de gritar pelo gozo profundo
– e eterno –
libere palavras profanas,
puxe-me pelos cabelos,
morda-me a boca.
*
Que não é mais só minha.
Quando muito, nossa!
Beijos Profanos,
Silvia Mendonça

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