sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Ingrata! Era pra ser ele...

Era pra ter sido ele...
Ele encontrou um ninho onde pousar...
O corpo cansado da luta diária...
Marcado por cicatrizes profundas...
A esperança a dor iria calar...
A solidão seria piada hilária...
Teria fim o frio das angústias noturnas...

Era pra ter sido ele...
Pensou se o novo lar seria simplório demais...
Se sua rainha ali caberia...
Se para ela bastaria o amar...
Tinham tão pouco o rapaz...
Mas era tanto para arrumar em um dia...
Se aceitasse, com ela iria casar...


Era pra ser ele...
Emancipou-se daquela que não domou seu coração...
Ele era-lhe apenas grato nada mais...
Partiu para quem sabe viver um grande amor...
E enfim repousar a cabeça cheia de tensão...
Não queriam ser como os outros casais...
Queriam com a união prestar um louvor...


Era pra ser ele...
As mais duras, injustas palavras ouviu...
Tudo o que temia lhe sobreveio...
Viu-se sozinho de vez, e perdido...
Seu mundo inteiro ruiu...
Concretizou-se o receio...
Levou as mãos à cabeça, iludido...


Era pra ser ele...
Egoísta coração...
Não confiou no que a alma reconheceu...
Desesperou-se com a longa ausência...
Não lhe deixou restar nenhuma emoção...
O feriu mais ainda, não percebeu?
Ele matou de vez a carência...


Era pra ser ele...
E lançou-o, injusta no mar do esquecimento...
Impiedosa sem esperar alguma explicação...
Medo da rejeição constante...
Não suportou o próprio sofrimento...
Permitiu a mente criar confusão...
Consumiu-se por seu egoísmo latente...


Era pra ter sido ele...
E agora sozinho e triste se encontra...
Concentrando-se em mais uma vez suportar...
Esforçando-se para curar o peito seu...
Engolindo a seco a afronta...
Inconformado por novamente deixar-se amar...
Foi isso que você o deu!
Shimada Coelho

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