quarta-feira, 25 de março de 2009

"Fizeram a gente acreditar..."


Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos.
Não contaram pra nós que amor não é acionado, nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade.
Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava.
Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.
Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade.
Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas.
Ah, também não contaram que ninguém vai contar isso tudo pra gente. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém"
(John Lennon)

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom, Shimada! Boas falas a de John Lennon. Mas, sem Yoko Ono, ele se dizia um "ninguém". Na verdade, não existem fórmulas para o amor, felicidade, relacionamentos, escolhas. Nem mesmo o clichê "ame-se, e amará", funciona como se previa. Essas descobertas são pessoais, intransferíveis - valem para mim, não necessariamente para o outro. Por isso, a quantidade de desencontros na vida. Sabe o que nos faz acreditar nessas "balelas" pré-concebidas? O medo da solidão, do futuro, a carência. Lembra de quando diziam: "não confie em ninguém com mais de 30 anos"? A questão não é a idade, como diz Rita Lee, mas algo chamado maturidade que, por acaso, não vem na esteira dos anos. Beijos, Silvia Mendonça