Sinto saudades do tempo, em que não havia tempo,
e tenho ansias de fugir, de partir e de rugir!
e deixo a noite envolver-me em seus braços,
para ver a solidão partir...
fassa-se luz no meu sonho!
fassa-se dia no meu ser!
e deixo a manhã assentar a poeira das trevas...
condensando o sol e a terra,
na vastidão submersa de uma gota de orvalho...
Pego na minha cruz sem sombra e arrasto-me,
arrasto-me por entre um mar de gentes,
que mesmo me olhando fixamente, não me vê...
que mesmo me atropelando, não me sente...
e embriago-me na poesia, para esquecer,
para esquecer a demência que é estar vivo,
mesmo sem saber, o que é a vida,
ou o que o mundo possa ser...
by Dionisio
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